Em uma cidadezinha no interior do Rio
Grande do Sul há cinco casas e cinco histórias que se confundem em uma mesma.
Uma velha professora lutando para manter sua casa de pé, um jovem que sofre agressões
por se recusar a esconder sua natureza, uma freira sendo transferida da escola
que regeu com punho de ferro por décadas, um velho capataz em uma fazenda mal
assombrada e um menino cujos pais morreram 20 anos atrás e que é hoje o diretor
que volta para buscar as memórias de sua infância perdida e dar voz a essas
pessoas. Histórias distintas, mas que juntas pintam um retrato pungente de um
Brasil marcado por apagamentos e desigualdade.
O documentário "5 Casas"
chega às salas de cinema de todo o Brasil em setembro. Em seu longa de estreia,
o diretor e artista visual gaúcho Bruno Gularte Barreto faz uma viagem
ao seu passado no interior do Rio Grande do Sul. O caminho trilhado pelo
realizador encontra as histórias de vida dos habitantes das cinco casas do
título, com a sua própria como fio condutor. O filme terá pré-estreia no dia 27
de agosto (sábado), às 19h, na Cinemateca Capitólio (Porto Alegre). O trabalho
também deu origem a um livro e uma exposição de arte de mesmo nome lançados em 2021.
"Quando eu fui embora da cidadezinha de Dom Pedrito, eu
estava cheio de dor", relembra o diretor, que também é o narrador do
filme. "As memórias da cidade estavam contaminadas não apenas pelo luto,
mas também por que eu - assim como as pessoas nas cinco casas - sempre me senti
um 'outsider' na sua sociedade conservadora", pontua. Bruno perdeu a mãe
aos oito anos, vítima do câncer que assola a região onde nasceu, causado pelo
uso desenfreado de agrotóxicos nas plantações próximas. Cinco anos depois, a
mesma doença levou seu pai. Logo após, ele e seus irmãos deixaram a cidade.
Sem olhar para trás, Bruno deixou
guardadas caixas de papelão com lembranças familiares em um galpão situado na
fazenda do avô. Vinte anos depois, uma tempestade que arrancou parte do telhado
do local o fez voltar à sua cidade natal. O documentário registra a
redescoberta deste material. E o filme vai além da memória afetiva evocada por
objetos, livros e fotos de família. A narrativa vai também ao encontro de
pessoas que marcaram a infância do cineasta e de suas atuais realidades,
trazendo à tona questões urgentes e emblemáticas do Brasil contemporâneo, como
o etarismo, a especulação imobiliária, a homofobia e o conservadorismo.
O diretor interage com quatro personagens
distintos, começando por uma velha professora de francês que toca um piano
desafinado em uma pequena casa cercada de árvores. Ela luta para manter sua
casa contra as construtoras que querem demoli-la para a construção de um
prédio. Um homem vive há mais de 40 anos em uma fazenda isolada, que dizem ser
mal assombrada. Um grupo de freiras conduz rigidamente uma escola, em especial
uma delas, cuja transferência para outra localidade causa revolta na cidade. E
um jovem gay sofre bullying e agressões por não conseguir esconder sua natureza,
revidando e afirmando sua existência contra tudo e todos.
"As memórias deles são parte da
minha história, e registrar as nossas conversas é uma forma de lhes dar
voz", reflete Bruno. "Não é apenas uma forma de contar a minha
história, mas sim de contar a nossa história através da voz deles",
conclui. "5 Casas" teve sua première
mundial no maior festival de documentários do mundo, o Festival
Internacional de Documentários de Amsterdã (IDFA). O longa passou
por vários festivais como o Biografilm (Itália), o Queer Lisboa
(Portugal), o Cinélatino (França) e o Festival de Viña del Mar (Chile),
onde recebeu o prêmio de melhor longa documental.
No Cine Ceará, um dos mais
importantes festivais do Brasil, levou o grande prêmio de melhor filme, além de
roteiro e som. Também foi premiado no Panorama Coisa de Cinema e no Atlantidoc
(Uruguai). O filme participa da seleção do 50° Festival de Cinema de
Gramado. "5 Casas" é uma produção da Vulcana
Cinema, com coprodução da TAG/TRAUM e Estranho Produções e
distribuição da Lança Filmes. O financiamento é do NRW
Film und Medien Stiftung (Alemanha), IDFA Bertha Fund (Holanda) e do
Prodecine 5 - Inovação de Linguagem - Fundo Setorial do Audiovisual,
através da Ancine e BRDE.
Sinopse longa:
Em uma cidadezinha no interior do Rio Grande do Sul há cinco casas e cinco
histórias que se confundem em uma mesma. Uma velha professora lutando para
manter sua casa de pé, um jovem que sofre agressões por se recusar a esconder
sua natureza, uma freira sendo transferida da escola que regeu com punho de
ferro por décadas, um velho capataz em uma fazenda mal assombrada e um menino
cujos pais morreram 20 anos atrás e que é hoje o diretor que volta para buscar
as memórias de sua infância perdida e dar voz a essas pessoas. Histórias
distintas, mas que juntas pintam um retrato pungente de um Brasil marcado por
apagamentos e desigualdade.
Serviço
"5 Casas"
Em cartaz nos cinemas de todo o Brasil em setembro de 2022
Documentário | 85 min. | País: Brasil
Trailer: youtu.be/7gAibyLE3nI
Classificação Indicativa: 10 anos
Instagram: @lancafilmes | Facebook:/lancafilmes | Tik Tok: @lancafilmes
Site: lancafilmes.com.br
Pré-estreia
27 de agosto (sábado), às 19h, na Cinemateca Capitólio (R.
Demétrio Ribeiro, 1085 - Centro Histórico, Porto Alegre).
Palavras da crítica
"Um filme sensível, que consegue amalgamar o pessoal e o
social." (Maria do
Rosário Caetano)
-
"Um documentário íntimo, lindo, triste e reflexivo". (Daniel Victor)
-
"Bruno Gularte Barreto ratifica com talento e seriedade o
pensamento atribuído a Tolstói: 'Se queres ser universal, começa por tua
aldeia'." (Celso Sabadin)
-
"Uma
estreia que nos leva a ficar atentos a seus próximos trabalhos, porque
representa um sopro de renovação. (...) 5 Casas pode entrar num inventário de
poucos bens, que são os filmes inquietos e introspectivos, que se arriscam em
formatos não comerciais. (...) O cinema gaúcho precisa de filmes honestos,
inquietos e criativos." (Ivonete Pinto)
-
"5 Casas me bateu como uma
revelação. A cidade é um espelho do Brasil. Bruno escava nas lembranças e faz
um filme nas bordas." (Luis Carlos
Merten)
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