“Este
filme nasceu da impossibilidade de fazer os outros filmes em que estávamos a
trabalhar”, contam os diretores Maureen Fazendeiro e Miguel Gomes
sobre DIÁRIOS DE OTSOGA,
que chega aos cinemas brasileiros em 21 de julho, com distribuição da Vitrine
Filmes. Em maio de 2021, quando, finalmente, pôde sair de casa,
o casal Fazendeiro e Gomes visitaram
os amigos Crista Alfaiate (a Sherazade, da trilogia do diretor de “As mil e
uma noites”) e seu marido, Rui Monteiro (técnico de iluminação).
Decidiram que tinham de fazer um filme juntos para sair do isolamento o mais
rápido possível. Não havia
roteiro, trama ou personagens, apenas a urgência do presente.
Daí nasce DIÁRIOS
DE OTSOGA, um filme feito da maneira como era
possível naquele momento. “A
pandemia e o confinamento alteraram a nossa percepção do tempo. Ao sair dessa
experiência, tínhamos de fazer um filme que desafiasse a linearidade e que
trabalhasse a repetição, a suspensão e a descontinuidade... sem, no entanto,
embarcar numa estrutura complexa e barroca”. A saída para isso foi filmar na ordem
cronológica, mas montar o filme do final para o começo. Assim, o longa começa
com um grupo de pessoas – incluindo a dupla de diretores e equipe – saindo de
um sítio isolado, e termina com eles chegando ao local e fazendo um teste de
Covid-19 para poder estarem juntos e sem máscaras. A ideia toda do longa era filmar um beijo –
algo tão banal no cinema, mas que, em tempos de pandemia, se tornou um tabu.
“Esse beijo é o esboço de
uma ficção que nunca chega de fato a existir. O filme inverte a cronologia
para passar dessa promessa de ficção para a ficção de nossa estadia nesta
casa. Este é o ‘crescente’ dramático do nosso filme.” No filme, Fazendeiro e Gomes trabalham com
rostos já conhecidos da filmografia do diretor, seja no elenco ou na equipe
técnica. A dupla define isso como “um lado família”. “Tratava-se de viver, mas também de
encenar, uma experiência de intimidade. Começa com a decisão de realizar um
filme juntos. Convidamos pessoas das quais nos sentíamos próximos, cúmplices.
Mas também alguns outros com que nunca tínhamos trabalhado antes.” O elenco traz, além de Crista, Carloto Cotta (“Tabu”, “Diamantino”) e João
Nunes Monteiro (“Mosquito”). A equipe criativa, que, às vezes, também aparece
na frente da câmera, conta com o diretor de fotografia Mário Castanheira
(“Technoboss”); os técnicos de som Vasco Pimentel e Miguel Martins; o
iluminador Rui Monteiro; e Andressa Soares, responsável pelo figurino e
cenografia. A montagem é de Pedro Filipe Marques (da trilogia “As mil e uma
noites”). Exibido na Quinzena dos Realizadores do
Festival de Cannes em 2021, o filme fez sua estreia no Brasil na 45a Mostra
Internacional de Cinema em São Paulo, e foi premiado em Mar del Plata (melhor
direção), com o prêmio Sofia, da Academia Portuguesa de Cinema, para João
Nunes Monteiro (ator coadjuvante), e pela Online
Film Critics Society Awards. DIÁRIOS DE OTSOGA será lançado no Brasil pela Vitrine Filmes. |
Sinopse Crista, Carloto e
João constroem juntos um borboletário. Partilham o quotidiano na casa, dia
após dia. Não são os únicos. |
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