MAR DE
DENTRO, acaba de divulgar seu . O longa chega aos cinemas
em 7 de abril, com distribuição da Califórnia Filmes e produzido pela
Muiraquitã Filmes em coprodução com a Elástica Filmes e o Telecine. Sobre o filme Protagonizado por Monica Iozzi, MAR DE DENTRO tem como
personagem central Manuela, uma mulher independente e bem sucedida, que
descobre uma gravidez não-planejada. Uma série de problemas emergem, até que
a maternidade se concretiza em sua vida, e ela descobre que terá de aprender
como ser mãe, mesmo sem gostar da maternidade. Monica, cada vez mais se destacando como atriz e surpreendendo
quem a conhece apenas da comédia aponta MAR
DE DENTRO como um começo em busca de outros
gêneros em sua carreira. “Quem
me conhece da novela na televisão nunca me viu nesse outro registro. Então
deverá ser uma surpresa pra quem me acompanha. Mas acho que devo deixar claro
que gosto sim de fazer humor, que sou muito grata a tudo que o humor me
proporcionou até agora.” Para a atriz, o fato de ser uma história que mostra uma mulher
que vive uma situação limite a atraiu muito para o projeto. “Mas o primeiro ponto que me
chamou a atenção é que a Manu não tem o perfil que estamos acostumados a ver
das mulheres. Ela é uma mulher realmente que adora o trabalho, que é bem
sucedida e muito exigente. E ela também tem uma relação livre com um cara e
está tudo bem com isso também. Então, me atraiu muito poder mostrar uma
mulher assim com um olhar mais contemporâneo.” Dainara, que assina o roteiro com Elaine Teixeira, acredita que
há muita solidão e, até mesmo, um luto na maternidade. “Chegamos do hospital com um bebê
no colo e uma dura e solitária rotina desaba sobre nossas cabeças. Para a
sociedade, a mulher grávida ou com criança pequena é um certo fardo
destituído de suas antigas capacidades. Assim, quando a mulher decide ter um
filho, ela precisa saber que é uma rotina que vai enfrentar, na maior parte
das vezes, sozinha. A licença paternidade é de cinco dias. Um bebê exige 24
horas de atenção. Ter um filho custa caro e não há uma rede de apoio. Quando
vemos, estamos tentando dar conta de tudo e abrindo mão das nossas
aspirações. Com tanta idealização, o que sobra para a mulher é cobrança,
cansaço e um sentimento de culpa constante.” A produtora Eliane Ferreira aponta que MAR DE DENTRO
traz uma outra visão sobre a maternidade, comumente romantizada no cinema. “Ou é a maternidade excessivamente
idealizada, em que o filme normalmente acaba quando o filho nasce. É a
realização de ser mãe, ‘pronto, consegui, sou feliz para sempre’. Ou é algo
retratado totalmente fora do padrão, problemática. Mas acredito que esta
repetição de abordagem possa ter a ver com o fato de o cinema ter sido feito,
por muito tempo, majoritariamente por homens. O olhar masculino sempre foi
tão dominante que, mesmo para as mulheres que fazem cinema, talvez falar
sobre maternidade desta forma realista como fazemos em aqui, ou em outras
abordagens de outros projetos de cinema, poderia parecer fragilidade.” Dainara acrescenta que, esta suposta fragilidade não condiz com
a realidade. “Na
verdade, a maternidade é de uma potência enorme. Por isso, quis mostrar o
puerpério, algo absolutamente do espaço da mulher e dos homens trans sobre o
qual falta reflexão. Hoje se fala do puerpério, mas esta é uma palavra muito
nova na nossa cultura. Ser mãe é virar bicho. Peito inchado, melecado e
vertendo leite. Exaustão. Fadiga. Aquela sensação constante de se ver como a
vítima em um filme de vampiro: sugada e insone. É horrível e, pode ser, belo
ao mesmo tempo,” completa ela. O equilíbrio entre força e doçura é uma das chaves da narrativa
de “Mar de Dentro”. Ainda que a situação financeira de Manuela seja
confortável, ao encarar a maternidade praticamente sozinha em uma cidade que
mais isola do que une as pessoas, ela vive um processo crucial de
autodescoberta. Em vez de romantizado, o processo de se tornar mãe é visto
com humanidade e com todas as contradições que ele traz. Mônica aponta que há uma pesquisa que revelou que
aproximadamente 47% das mulheres são demitidas ou então acabam perdendo
posições na hierarquia do trabalho nos dois anos seguintes à maternidade. “É justamente em tudo isso que Mar
de Dentro dá uma pincelada.” A diretora ressalta que em seu filme, além da maternidade em si,
está discutindo outras questões relacionadas ao tema, como a vida
profissional da mulher que acaba de ter um filho, ou o desejo e o prazer
feminino. “Este é um
filme de mulheres. Há dez anos ninguém falava sobre isso. Tateamos um lugar
que depois se tornou mais que um assunto, virou uma luta. Foi um processo
duro, mas recompensador”, finaliza. Monica, por sua vez, acrescenta que, apesar de ter a mulher e
assuntos relacionados com ela, ao centro, MAR DE DENTRO é um filme
que deve ser visto também pelo público masculino. “Há alguns temas que são difíceis
de interessar aos homens porque para a grande maioria são questões que pertencem
ao universo feminino única e exclusivamente. Há a velha questão do pai que é
um puta paizão se ele troca uma fralda ou a do ‘meu marido é ótimo, ele me
ajuda tanto.’ Mas acho também que tem uma coisa que talvez esse filme consiga
furar um pouquinho, que é essa bolha. Isso porque realmente não é uma
história que vai na linha de ‘que linda a maternidade’. Tem outras questões.” O ator Rafael Losso, que interpreta o principal personagem
masculino do filme, destaca a importância de ter uma diretora mulher à frente
dessa história. “Pensando
na história do cinema, quantos homens não quiseram contar ou contaram
histórias de mulheres? E receberam prêmios por isso. Ou quanto a gente já não
roubou histórias que, na verdade, deveriam estar sendo contadas por mulheres.
As mulheres têm o direito de fazer o que elas quiserem. Pensando em MAR DE DENTRO e na vivência da Dainara,
pensando também em outras mulheres, um diretor poderia contar a história da
Manuela, mas não da forma como ela conta. Foi um prazer trabalhar com ela.” Desde sua estreia na Mostra Internacional de Cinema em São
Paulo, o filme recebeu diversos elogios. José Geraldo Couto, no site do
Instituto Moreira Salles, escreveu que o longa tem “narrativa eficiente [...]
que faz aflorar questões sobre o lugar da mulher numa sociedade machista.”
Isabel Wittmann, em Estante da Sala, diz que “O ponto forte do filme está nos
pequenos detalhes: nas rotinas, nas descobertas, nas delicadezas, na forma
como mostra como cada pessoa tem um palpite, mas, no final, o que resta é a
solidão da mãe e suas escolhas, ainda que em um contexto tão privilegiado. MAR DE DENTRO
não romantiza a maternidade, mas a trata com uma beleza melancólica.” Luiz Zanin, de O Estado de S. Paulo, escolheu MAR DE DENTRO
como um de seus longas favoritos do festival: “Um tratamento simples e
honesto sobre a questão da maternidade. Em meio a muitas firulas e poucos
resultados, o cinema brasileiro (pelo menos pela amostra apresentada), esse
tipo de obra, que deseja se comunicar sem baratear suas ideias, merece ser
destacado. É melhor que muito filme-cabeça pretensioso.” |
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