RODA DO DESTINO, estreia nos cinemas nesta quinta-feira, dia 6 de
janeiro, nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador,
Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Fortaleza, Recife e Aracaju.
Sobre o filme
O
cinema do japonês Ryûsuke Hamaguchi é o da investigação das relações
pessoais, especialmente as amorosas, e aquelas governadas pelo acaso.
Ganhador do Grande Prêmio do Júri, no Festival de Berlim de 2021, RODA DO DESTINO
é um tríptico protagonizado por personagens femininas. O longa fez sua
estreia brasileira na 45a Mostra Internacional de Cinema em São Paulo,
chega aos cinemas brasileiros com distribuição da Pandora Filmes.
Com
forte influência da literatura, Hamaguchi, que também assina o roteiro,
apresenta três curtas que são interligados pelo tema e a forma. O
primeiro dele se chama “Mágica (ou Algo Menos Assegurador)”, e tem, ao
centro, a modelo Meiko (Kotone Furukawa) que precisa aprender a lidar com
seus sentimentos quando sua melhor amiga começa a namorar seu
ex-namorado.
O
segundo filme da coletânea é “Porta Bem Aberta”. Nele, uma jovem
Nao (Katsuki Mori) é induzida, pelo seu colega e amante, o estudante
Sasaki (Shouma Kai), a seduzir um professor (Kiyohiko Shibukawa)
para o incriminar. O plano acaba transformando a vida dos três. Por fim,
o último segmento, “Outra Vez”, traz a história de duas mulheres, Natsuko
(Fusako Urabe) e Nana (Aoba Kawai), que se conhecem por acaso numa
estação de trem, e desse encontro percebem que uma pode ajudar à outra.
Em
entrevista ao Film Comment, Hamaguchi conta que RODA DO DESTINO é
um trabalho feito de maneira completamente independente, e cuja produção
foi transformada na pandemia. “Eu
filmava sempre que dava, um pouco aqui, um pouco ali. Em 2019, rodei as
duas primeiras histórias. Em 2020, comecei a rodar outro longa [Drive my
car], que devia estar pronto muito antes do lançamento de RODA DO DESTINO. Mas com o lockdown, tivemos
de parar por oito meses. Com esse atraso, acabei rodando a última parte
deste filme.”
“Para mim, é muito importante
explorar as possibilidades de trabalhar com uma equipe pequena, e foi o
que fizemos. As relações criativas se tornam mais próximas, ricas e
densas. O que aprendi com a Covid-19 é que trabalhar com um time enxuto
não é necessariamente uma limitação – pode ter vantagens. Agora, quero
continuar trabalhando nesse estilo. Uma equipe pequena e próxima, com
muita compreensão e flexibilidade”, disse à Hollywood
Reporter.
O
cineasta também explica que para ele, na construção de personagens e
narrativa, a coisa mais importante é a introdução de elementos
contraditórios. “Eu
começo tentando criar uma estrutura básica irrealista, e então tento
imaginar um diálogo bem realista. O desafio é tornar realista a situação
irreal. Para
mim, todos os personagens existem como pessoas, independente uns dos
outros ou para servir a algum propósito. Enquanto escrevo, descubro como
as relações e situações se desdobrarão. Escrever é um processo de
descoberta.”
Em
relação ao RODA
DO DESTINO especificamente, Hamaguchi conta
que tinha receio de estar escrevendo a mesma história três vezes. “O que há em comum com essas
três protagonistas é que todas estão procurando por algo – e esse algo
não pode ser facilmente descrito em palavras, nem nas conversas. Tentei
explorar essa coisa intangível que todas elas procuram nas relações e
interações com os outros personagens.”
Desde
sua estreia em Berlim, em março passado, RODA DO DESTINO
tem sido muito bem recebido pela crítica especializada. David Ehrlich, no
IndieWire, aponta que “a
maneira como Hamaguchi orquestra as três histórias sugere nada menos que
a completude da vida.” Peter Bradshaw, no The Guardian,
escreve que: “Esse
trio de histórias é elegante e divertido, com um toque de delicadeza e um
calor real e criativo. As narrativas seguem de maneira leve mas
fundamentalmente séria, fazendo-nos considerar como os caminhos da vida –
os desvios errados, os desvios certos – podem ser governados pelo acaso.
É uma experiência realmente prazerosa e revigorante”.
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