Você já parou para pensar quanta coisa vivemos e descobrimos em mais de um ano de pandemia? E quantos acontecimentos não chegaram até nós devido a enxurrada de informações sobre a COVID-19? Mais do que isso, quantas pessoas se perderam e ainda estão tentando se reencontrar em meio ao caos natural que a vida já proporciona que foi exacerbado pelo momento que vivemos? Essas são as discussões que a atriz Ursula Monteiro levanta de forma forte e chocante e, ao mesmo tempo, cuidadosa no seu primeiro trabalho como roteirista, o curta-metragem "Val", que estará disponível nos dias 20 e 21 de agosto, no VIMEO.
Aprovada em cinco,
semifinalista em um e finalista em dois, “Val” concorre entre os principais
festivais internacionais que, inclusive, são responsáveis por dar palco a
indicados e ganhadores do Oscar. Além disso, a produção já deu a Ursula os
títulos de melhor diretora no Oniros Film Awards e de melhor atriz estreante em
curtas no New York International Film Awards.
“Estou muito feliz com os
resultados e a aceitação que tivemos até agora. Ter esse reconhecimento sendo
uma diretora mulher é muito importante no mundo que vivemos hoje.
Principalmente, esse ano, depois da Chloé Zhao ter ganhado o Oscar de melhor
direção, a segunda mulher a ganhar na história da premiação, e ela me inspira
muito. Então, é isso, é hora de ir para cima, fazer acontecer, sonhar grande e
esperar os próximos frutos deste trabalho tão especial para mim ”, explica Ursula.
“Val” acompanha o
presente e o passado de Valéria- vivida pela própria Ursula- uma fotógrafa que
mora no interior e suas incertezas. Dividida entre um amor do passado que volta
após anos de prisão mesmo sendo inocente e uma mãe acusada de corrupção que
virou comentário na cidade, a personagem tenta se encontrar, se conhecer e
tomar a decisão certa para o seu futuro: reatar este romance, seguir a vida
como ela está, ou? A terceira opção somente assistindo ao curta.
Além desta busca de
autoconhecimento, a produção também aborda temas importantes que foram
amplamente discutidos ou praticamente esquecidos durante a pandemia. Mesmo
sendo uma obra fictícia, a obra é baseada em fatos reais. Em março de 2020, no
começo da pandemia, 1379 presos fugiram de quatro presídios no interior de São
Paulo, apenas metade dos fugitivos foram recapturados e esta situação passou
despercebida aos olhos da grande imprensa e, assim, da população. Essa situação
é um dos principais pontos dentro do curta.
Outro assunto importante
relatado, foi o aborto. Em agosto de 2020, vivemos uma grande comoção quando
uma menina de apenas 10 anos, que havia sido estuprada, teve grandes
dificuldades em realizar um aborto legal. Mas e as outras mulheres que não
ganham destaque na mídia? De acordo com a organização mundial de saúde,
cerca de 500 mil abortos clandestinos são realizados por ano no Brasil, e, a
cada dois dias, uma mulher morre vítima de aborto ilegal no país. Esse risco
também é retratado na produção.
“Eu acho que a ideia do Val
é levantar discussões. Desde a fuga de presos que foi esquecida ao aborto,
nós precisamos falar sobre esses assuntos para, então, conseguir construir uma
sociedade melhor para todos nós”, explica Ursula. “O número de abortos
clandestinos e mulheres morrendo não irá mudar durante um bom tempo. Mas nós
mulheres temos que estar confortáveis para se expressar e discutir esse tipo de
assunto, sem medo de preconceito ou julgamento dos outros. Temos que contar
nossas histórias. Afinal, como vamos mudar uma sociedade se não há espaço
para discussão”, questiona.
“Mas, é importante
frisar, que apesar de darem muita força a produção, essas discussões não são o
tema principal da produção. A forma como o curta se inicia e termina com o questionamento
‘uma vez me perguntaram: o que eu faria se tivesse apenas mais um dia de vida’
é a maior reflexão que quero que quem assista tenha. No início de 2020, além da
pandemia que mudou a vida de todos, perdi uma amiga querida, jovem, para um
câncer e isso também ligou uma chavinha em mim sobre onde eu queria estar, o
que eu queria viver se não tivesse outra chance. Essa é a maior lição do
projeto, se conhecer, olhar para dentro, tomar as rédeas da própria vida e
perceber que a felicidade está dentro da gente e não no outro”, completa a
artista.
Confira quais
festivais “Val” irá concorrer:
Flickers Rhode Island
International Film Festival - Semifinalista- O Flickers 'Rhode Island
International Film Festival acontece todos os anos em Providence e Newport,
Rhode Island, bem como em locais satélites em todo o estado. O RIIFF é um dos
festivais de qualificação para o Oscar.
New York International
Film Awards - Finalista- é uma competição mensal de filme e roteiro com
um evento de exibição pública realizado no coração de Manhattan, Nova York, a
cada três meses.
ARFF Berlin - Short film
of the month - Selecionado- Evento anual independente para todos curtas,
documentários, experimentais, comerciais, videoclipes, animações, filmes de
estudantes, séries, TV e novas mídias. Todos os meses, a comunidade
internacional premia as criações para servir a Laurel Oficial da ARFF Berlin e
avalia com antecedência todas as para participar da Cerimônia de Premiação
anual.
Oniros Film Awards New
York - Finalista- Competição internacional mensal de qualificação
da IMDb com um evento de exibição pública realizado na cidade de Nova York a
cada três meses, homenageando filmes e cineastas de todo o mundo.
New York Movie Awards-
Selecionado- A cada mês, o júri premiará os melhores filmes por meio de
exibições privadas. Uma seleção de curtas-metragens vencedores do mês será
exibida todos os meses no East Village no Kraine Theatre.
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