Conhecido
por seu cinema político, o cineasta grego Costa-Gavras volta ao seu país para
falar a crise da dívida da Grécia em 2015, em JOGO DO PODER,
o primeiro filme do diretor sobre sua terra natal desde “Z”, de 1969. O
roteiro, assinado por ele também, parte do livro de memórias do ex-Ministro
das Finanças Yanis Varoufakis, “Adultos na Sala: Minha Batalha Contra o
Establishment”, que é um personagem central no longa. O filme chega aos
cinemas brasileiros em 12 de agosto com distribuição da Califórnia Filmes. Sem
nunca se furtar de entrar em temas políticos e espinhosos, e uma carreira que
inclui longas como “Estado de Sítio” (1972), “Missing: O Desparecido” (1982),
que lhe rendeu a Palma de Ouro e um Oscar de roteiro adaptado, Costa-Gavras é
o cineasta ideal para retratar a grande crise econômica e política que
assolou a Grécia em meados da década passada. Em
entrevista ao site Cineuropa, o diretor disse que o interesse pelo tema e o
livro de Varoufakis surgiu pelo fato deste a fonte mais precisa sobre o que aconteceu
na Grécia e Europa durante os seis meses de crise. “A intensão era salvar os bancos, e
a Grécia acabou endividada. A dívida é maior hoje do que dez anos atrás.
Salvaram os bancos, e destruíram o país.” Costa-Gavras
conta também que teve assessoria do próprio Varoufakis, a quem mostrou o
roteiro durante diversas fases da produção. O político foi fundamental para
compreender as questões técnicas e econômicas que são difíceis para os
leigos. JOGO DO PODER acompanha
reuniões e discussões Eurogrupo que levaram meses, e resultaram na imposição
de políticas de austeridade pela troika europeia (a Comissão Europeia, o
Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional) ao governo de Alexis
Tsipras. Protagonista
do filme, Yannis, interpretado por Christos Loulis. Um economista, sem
experiência política, ele foi nomeado como Ministro das Finanças pelo Syriza,
uma coligação da esquerda radical que chegou ao poder em janeiro de 2015. O
Ministro vive, então, uma verdadeira saga para salvar a Grécia, propondo uma
reestruturação. Ao
francês L’Artvues, o cineasta explicou que este é “um filme sobre nós, europeus, mas
também sobre a Europa e a crise grega. Mostra como a Europa não se comportou
de maneira consistente e solidária em relação à crise grega, pedindo aos
gregos que fizessem coisas impossíveis. Isso é essencialmente o que o filme
é, uma espécie de tragicomédia que os gregos viveram e ainda vivem por dez
anos e na qual a Europa parece não estar muito interessada.” JOGO DO PODER estreou
fora de competição no Festival de Veneza de 2019, no qual Costa-Gavras
recebeu o prêmio pelo conjunto de sua obra. Na época do evento, a revista
portuguesa Comunidade Cultura e Arte escreveu: “Apesar da complexidade do tema, [este] é um filme
instigante, acessível, irónico [...] e com momentos diríamos até engraçados
para uma tragédia que ainda afeta o quotidiano dos gregos, ‘um povo que
sobrevive heroicamente’.” A revista do British Film Institute
definiu o longa como “um
drama muito humano a partir de um episódio doloroso da história europeia
recente” Sinopse Um relato transparente sobre
a agenda oculta da Europa expõe o que realmente acontece em seus corredores
de poder. Revelando as razões para a crise na Grécia ter acontecido, foi
travada uma das mais espetaculares e controversas batalhas na história
política. Mas a verdadeira história do que aconteceu é quase inteiramente
desconhecida, principalmente porque grande parte dos verdadeiros negócios da
União Europeia ocorre a portas fechadas. |
|||
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário