O paradoxo entre a
metrópole e a natureza que literalmente a rodeia ganha corpo numa
localidade: a Serra da Cantareira. Esse é o tema do curta-metragem
"Cantareira", realizado pelo paulistano Rodrigo Ribeyro e
selecionado para a seleção Cinéfondation de 2021 – focada em novos
diretores, ainda estudantes - do Festival de Cinema de Cannes, o mais
tradicional do mundo. Produzido como trabalho de conclusão de curso da
Academia Internacional de Cinema de São Paulo, o filme marca presença na
competição que, como o próprio festival define, é destinada
"para inspirar e dar apoio à próxima geração de realizadores de
cinema".
"É uma notícia que dá energia",
define Ribeyro. Com razão, afinal, trata-se de uma seleção composta por 15
a 20 curtas escolhidos entre candidatos do mundo todo. O sucesso do projeto
é resultado de um processo criativo que aborda as nuances da capital
paulistana que, de tão intensas, reverberam em territórios vizinhos: “O
filme acompanha uma mudança que hoje acontece na Serra da Cantareira. Há um
impacto econômico, ambiental e social que tem seus prós e contras, suas
ambiguidades. Por conta disso, há vários aspectos documentais como, por
exemplo, a locação da cena final, a Pedreira do Dib, que neste momento está
sendo fortemente descaracterizada", diz o
realizador.
O filme mostra a história de Bento e
Sylvio, neto e avô respectivamente, ambos com raízes profundas na Serra da
Cantareira, mas em momentos diferentes de vida. O mais velho contempla
preocupado o atual estado da Serra, com o "avanço" à espreita do
aspecto natural do lugar, já cicatrizado por lojas e estradas abertas em
meio a mata. O jovem vive em São Paulo, solitário, envolto pela cacofonia
da cidade grande. Seria melhor voltar ao lugar onde
cresceu?
O diretor baseou muito de sua vivência
para criar o roteiro. "Eu cresci na Cantareira, nesse lugar tranquilo,
onde o tempo corre (ou corria) numa outra velocidade e onde o som colabora
(ou colaborava) para um estado muito mais sereno", descreve.
"Mudar para o centro de São Paulo, fazer amizade com os trabalhadores
da região e perceber todas essas diferenças foi a faísca".
Com fotografia de Dani Drummond e arte de
Gabriela Taiara, esse confronto entre o cosmopolita e o rural se faz valer
da melhor maneira cinematográfica. Qualidade percebida pela curadoria da
Cinéfondation. O Festival de Cannes vai acontecer entre 6 e 17 de julho de
2021.
FICHA TÉCNICA
ELENCO
Bento – Emiliano
Favacho
Sylvio – Almir
Guilhermino
Leo – Guilherme Dourado
Maria (Fogueira) – Margot
Varella
Senhor da Cachoeira – Gelson dos
Santos
EQUIPE
Roteiro, Direção, Montagem e Desenho de
Som – Rodrigo Ribeyro
Assistente de Direção – Eva
Moreira
Direção de Fotografia, Cor e Assistência
de Montagem – Dani Drumond
Assistente de Fotografia e Figuração –
Shay Peled
Drone – Paulo Chou
Cleaning - Eduardo
Nascimento
Direção de Produção – Isis
Ramos
Assistente de Produção, Casting e
Figuração – Wagner Vieira
Assistente de Produção – Juliana
Santos
Som Direto – Uirá
Ozzetti
Mixagem de Som – Ricardo
Zollner
Direção de Arte – Gabriela
Taiara
Assistente de Arte e Maquiagem – Madu
Medeiros
Assistente de Arte e Maquiagem – Jé
Bertoni
Produção Executiva e Apoio – Sylmara
Ribeiro
Marceneiro e Motorista – Eduardo
Oklinhos
Segurança - Luiz
Cláudio
Tradução Inglês – Flavia
Ribeiro
Legendas e DCP - Onda
Finalização |
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