Era o final da década de 1980, quando chegou aos
cinemas um filme paulistano de baixo orçamento e muita sagacidade que fazia
um retrato divertido de sua época, e nasceu para se tornar cult. FOGO E PAIXÃO,
que estreia no Belas Artes à la carte em 24/06, é a história de uma excursão
turística muito maluca pelas ruas de uma cidade latino-americana sem nome. Filmado em São Paulo durante 2 meses, o longa foi
escrito e dirigido pelos arquitetos Isay Weinfeld e Marcio Kogan, amigos de
longa data que, em comum, além da profissão, tinham a paixão por cinema e, em
especial, Ingmar Bergman. “Desde
o primeiro momento não parávamos de falar de cinema e conhecemos novas
paixões como os filmes de Andy Warhol, e todo o cinema experimental
americano, obviamente Fellini, e por último alguém que poderia ser nosso tio:
Jacques Tati”, contam os diretores. A formação da dupla em arquitetura contribuiu maneira
como realizaram seu primeiro e único longa. “A estética do filme é fortemente
influenciada pela nossa carreira de arquitetos que estava começando naqueles
anos. O interessante é que posteriormente o cinema influenciou o nosso
processo de fazer arquitetura.” Experimentalismo
é uma palavra que bem define FOGO
E PAIXÃO, que traz nos papeis principais Mira Haar
e Cristina Mutarelli, como duas jovens em busca de um amor. Na excursão,
conhecem um nobre, interpretado por Carlos Moreno, e ambas começam a investir
nele. Entre um ponto turístico e outro, como Parque do Ibirapuera, Prédio da
Bienal e Monumento à Independência, o filme é marcado por participações de um
elenco bem famoso, que inclui Rita Lee, Fernanda Montenegro, Nair Belo,
Fernanda Torres, Regina Casé, Monique Evans e Paulo Autran, entre outros. “O
interessante é que todo o elenco básico vinha do genial Pod Minoga, um grupo
de teatro experimental dirigido por Naum Alves de Souza, com atuação em São Paulo
durante os anos 70. Adorávamos a trupe, que trouxe uma estranheza nas
interpretações. Já as participações especiais foram acontecendo naturalmente
com grande carinho pelo filme dos mais importantes nomes da dramaturgia
brasileira naquele momento.” Nas três décadas, desde o lançamento em 1989, o longa
atingiu um status de cult, ganhado fãs por todo o país, que agora têm a
chance de o rever, pela primeira vez, no streaming. “O filme foi em uma contracorrente
do cinema brasileiro extremamente baseado na Embrafilme e seu controle
carioca. Foi exibido também num circuito alternativo com bastante sucesso na
época. O grupo Pod Minoga também contribuiu para isso.” Weinfeld
e Kogan encontram até paralelos entra a época da produção e lançamento de FOGO E PAIXÃO
e o período atual da história do país provando o longa nunca perde o
interesse. “O filme foi
feito no final de uma era, e foi lançado em um destes tristes momentos deste
país quando um congelamento de preços tentava segurar uma inflação
gigantesca. Apesar de termos vindo de outro momento triste que foi a ditadura
militar, e estarmos olhando agora deste momento também triste, o filme me
parece alienado de tudo. Talvez seja legal porque não dá para aguentar todos
estes momentos tristes deste país.” FOGO
E PAIXÃO será lançado no
streaming no Belas Artes à la Carte. Sinopse Dirigido por dois arquitetos de prestígio, o filme
conta a história de cidadãos de diversas partes do mundo que se reúnem para
participar de um projeto de visitação à uma cidade latino americana - sem
localização revelada. Ficha Técnica Direção: Isay
Weinfeld e Marcio Kogan Roteiro: Isay
Weinfeld e Marcio Kogan Elenco: Mira
Haar, Cristina Mutarelli, Carlos Moreno, Rita Lee, Fernanda Montenegro, Nair
Belo, Fernanda Torres, Regina Casé, Monique Evans, Paulo Autran Direção de Fotografia: Pedro Farkas Trilha Sonora: Sérvulo Augusto e Gil Reyes Montagem: Mauro
Alice Gênero: comédia País: Brasil Ano: 1989 Duração: 90 min. |
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