“Os Arrependidos”, de Ricardo Calil e
Armando Antenore, vence a Competição Brasileira de Longas e Médias-Metragens
“Presidente”, de
Camilla Nielsson, é o melhor longa da Competição Internacional de Longas e
Médias-Metragens
“Yaõkwa: Imagem E
Memória” e “A Montanha Lembra” foram eleitos, respectivamente, os melhores
curtas-metragens brasileiro e internacional
Principal festival
dedicado ao audiovisual não-ficcional da América Latina, o É Tudo Verdade – Festival Internacional
de Documentários divulgou na tarde deste domingo, 18 de abril,
os vencedores da sua 26ª edição. Os vencedores dos prêmios de Melhor
Longa-Metragem Internacional e Melhor Longa-Metragem Brasileiro terão novas
exibições no dia 20 de abril, às 19h e às 21h, respectivamente, na plataforma É
Tudo Verdade/Looke. A entrega dos troféus e certificados para os premiados
brasileiros acontecerá em cerimônia seguida da projeção dos vencedores em local
e data a ser divulgado, no segundo semestre, tão logo arrefeça a emergência
sanitária pela Covid-19.
Dirigido por Armando
Antenore e Ricardo Calil, Os
Arrependidos foi eleito o vencedor da Competição Brasileira de
Longas ou Médias-Metragens e recebe como prêmio R$ 20.000,00 e Troféu É Tudo
Verdade. O filme reconta a história pouco lembrada de ex-militantes presos que,
muito jovens, largaram tudo para arriscar a vida por uma causa, foram presos e
torturados, e viraram arma de propaganda da ditadura militar.
O júri das competições
brasileiras foi formado pela cineasta e artista visual, Sandra Kogut (de Mutum,
Campo Grande, Três Verões); pelo professor da Escola de Comunicações e Artes da
USP e autor de “Humberto Mauro, Cinema, História” (2013), Eduardo Morettin, e pelo
produtor, diretor e presidente da Associação Paulista de Cineastas – APACI, Daniel Solá Santiago. Na
justificativa da premiação: “Emblemático, atual e desafiador, “Os Arrependidos”
aceita e propõe o enfrentamento de um momento obscuro da história do país
durante a ditadura militar. Este confronto com o passado, marcado por uma
montagem que contrapõe imagens de arquivo em sua maioria produzidas pelo poder,
é marcado pelo estranhamento, reconhecimento, adesão ou indiferença, não deixando
testemunhas e espectadores impunes diante das imagens e sons
revisitados.”.
Foi outorgada menção
honrosa para Máquina do
Desejo – 60 Anos de Teatro Oficina, ”por conseguir sintetizar
neste fluxo de fotografias, depoimentos, registros de encenação e diversas
imagens de arquivo a potência e a radicalidade do artista que, em tempos
difíceis e obscuros, caracterizados ou pela violência do aparato repressivo ou
pela voracidade destrutiva dos interesses financeiros, encontra caminhos para
exercer e expressar a criação, sempre se reinventando a cada golpe, movimento
de reinvenção que também é próprio do documentário”, segundo o júri.
O melhor curta-metragem
brasileiro, eleito pelo mesmo júri, foi Yaõkwa:
Imagem e Memória, de Rita Carelli e Vincent Carelli, que recebe
como prêmio R$ 6.000,00 e o Troféu É Tudo Verdade. Para os jurados, o filme
“celebra a importância do cinema no registro de práticas culturais, na
disseminação e apropriação de sua técnica e no (re)encontro e atualização
promovidos pela exibição de suas imagens a um público sempre interessado na
descoberta de novos sentidos. Além disso, há outra dimensão a ser apontada:
chama a atenção para a possibilidade de recuperar e preservar, por meio dos
filmes, os cantos perdidos pelas gerações mais novas do povo Yaõkwa”.
Ser Feliz no Vão, curta-metragem
dirigido por Lucas H. Rossi dos Santos, recebeu uma menção honrosa, pelo
“Trabalho com imagens de arquivo que articulam diferentes contextos
espaço-temporais. Neles, a presença e a voz da "maioria absoluta",
para ficarmos em uma das referências trazidas pelo filme, atestam,
através do cinema, a permanência ao longo de décadas das diferenças sociais e a
necessidade de afirmação de um outro ponto de vista.”, segundo o júri.
Para as competições
internacionais, o júri foi formado pela premiada realizadora e diretora
criativa da Just Vision, Julia
Bacha; pelo head da plataforma Cannes Docs, Pierre-Alexis Chevit, e
pelo cineasta, curador de cinema e documentarista iraniano, radicado em
Londres, Ehsan Khoshbakht.
O grande vencedor da
Competição Internacional de Longas ou Médias-Metragens foi Presidente, (Dinamarca/
EUA/ Noruega), dirigido por Camilla Nielsson. O filme fala sobre a missão do
jovem e carismático líder Nelson Chamisa, no Zimbábue, para enfrentar nas
eleições a velha guarda de Emmerson Mnangagwa, “O Crocodilo”, e as maneiras
como seus respectivos partidos interpretaram os princípios democráticos no
discurso e na prática.
A justificativa da
premiação sustenta que: “Com uma onda de imagens relevantes, impecavelmente
montadas para nos levar a um país que parece estar a caminho de sua primeira
eleição democrática após anos de ditadura, o filme transforma uma manchete do
Noticiário das 8 em uma realidade sentida e vivida pelo povo zimbabuano.”.
O longa recebe R$ 12.000 e o Troféu É Tudo Verdade.
O júri concedeu
menção honrosa a Vicenta,
de Darío Doria (Argentina): “Em um ano no qual o mundo viu as mulheres
argentinas celebrarem alegremente a vitória ao acesso legal ao aborto seguro,
“Vicenta” é um testamento visceral do motivo pelo qual esse direito é tão
urgente e básico à experiência feminina.”.
A Montanha Lembra (Puede una Montaña Recordar),
dirigido por Delfina Carlota Vazquez (Argentina/ México), foi eleito o melhor
curta-metragem internacional, e recebe R$ 6.000,00 e o Troféu É Tudo Verdade. O
filme aborda as atividades do vulcão Popocatépetl, a partir dos diferentes
pontos de vista que apontam para ele: dos camponeses, dos centros de controle
de catástrofes e da câmera da diretora.
Segundo o júri oficial,
“Através de uma narrativa não linear e de um estilo visual atmosférico e
magnético, o filme evoca os conceitos das relações mágicas e mitológicas entre
um terreno geográfico e seus habitantes. Além disso, explora as ressonâncias
entre a História e a Natureza e, por fim, a ideia da vida e da espiritualidade
em todas as coisas, em uma peça cinematográfica bastante panteística e
animista.”.
Reconhecido pela
Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA como um festival
classificatório para o Oscar®, o É Tudo Verdade qualifica automaticamente as
produções vencedoras nas competições brasileira e internacional de
Longas/Médias-Metragens e de Curtas-Metragens para inscrição direta visando a
disputa dos Oscars® para melhor documentário de longa-metragem e de
documentário de curta-metragem.
“Esta segunda edição
extraordinária, limitada ao universo do streaming, reafirmou o interesse do
público por documentários de formas, temas e origens as mais variadas”, resume
em seu balanço Amir Labaki, diretor-fundador do É Tudo Verdade. “Da mesma
forma, os júris contemplaram a excelência e a diversidade da produção
contemporânea brasileira e internacional”.
Prêmios Paralelos
Na cerimônia também foram anunciados os seguintes
prêmios paralelos:
- Prêmio Aquisição
Canal Brasil de Incentivo ao Curta-Metragem, para o filme brasileiro Yaõkwa: Imagem e Memória,
de Rita Carelli e Vicente Carelli, que recebe R$ 15.000,00 e o Troféu Canal
Brasil;
- Prêmio Mistika, no valor de R$ 8.000,00 em serviços de pós-produção digital,
anunciado junto ao prêmio oficial de melhor curta-metragem brasileiro para Yaõkwa: Imagem e Memória,
de Rita Carelli e Vicente Carelli.
- Prêmio EDT (Associação de Profissionais de Edição Audiovisual), para a melhor
montagem de um curta e um longa-metragem, concedidos, respectivamente, para Ser Feliz no Vão,
montado por Lucas H. Rossi
dos Santos, e para
Máquina do Desejo – 60 Anos do Teatro Oficina, com montagem de Joaquim Castro e Lucas Weglinski.
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