Baseado em romance do
chileno Hernán Rivera Letelier, o longa marca a estreia do documentarista
Roberto Studart na direção de ficção
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Em O
ÚLTIMO JOGO, o velho embate entre brasileiros e argentinos no
futebol é transportado para uma pequena cidade chamada Belezura, na fronteira
entre os dois países. Para seus habitantes, perder a partida para os
jogadores do vilarejo vizinho, Guapa, não é uma opção. Primeiro longa de
ficção dirigido por Roberto Studart, documentarista responsável pelos filmes Pra Lá do Mundo e Mad Dogs, estreia nos
cinemas do Brasil, dia 01 de abril, com distribuição da Pandora Filmes. O roteiro, escrito por Studart e Ecila Pedroso, parte
do romance El Fantasista,
do chileno Hernán Rivera Letelier, e o diretor conta que não se imaginou logo
de cara adaptando a obra. “Achei
o livro incrível, mas com uma quantidade enorme de personagens, que
geralmente não apareciam em mais que duas ou três páginas. Era uma narrativa
brilhante, mas não para o cinema. Quase três anos depois, acordei um dia com
um pensamento: ‘E se eu transportasse o livro de Hernán para um universo
fantasioso de rivalidade entre Brasil e Argentina, fazendo uma adaptação mais
livre?’ Então compramos os direitos cinematográficos do livro e, aos poucos,
fomos desenvolvendo a história. Eliminamos muitos personagens, fundimos
outros vários e fomos para o sul do país inventar uma fronteira fictícia”. No filme, a cidade de Belezura vive da indústria
moveleira, mas sua única fábrica está prestes a fechar e todos perderão o
emprego. Boa parte do time de futebol trabalha lá. A partida contra os
arquirrivais argentinos seria a única chance dos moradores terem uma grande
alegria, mas a equipe não vai nada bem e, se nos próximos dias não aparecer
um craque, estará perdida. A chegada de um forasteiro, conhecido como ‘O
Fantasista’ (Bruno Belarmino), muda tudo. Ele é um craque com a bola no pé,
mas ele e sua mulher (Betty Barco) precisam ser convencidos a ficarem até o
dia do jogo. Para isso, os moradores inventam uma série de mentiras. O diretor conta que para seleção do elenco, que inclui,
além de Belarmino, Pedro Lamin e Juliana Schalch, era preciso encontrar
atores que soubessem jogar futebol. Para a escolha, teve ajuda do produtor de
elenco Luiz Antônio Rocha. “Existe
um surrealismo no humor desse filme e buscávamos algumas características
muito específicas no elenco. Não foi fácil. Alguns personagens precisavam
jogar bola, caso contrário, as filmagens seriam um inferno, pelo pouco tempo
que tínhamos. É claro que no Brasil isso não é exatamente um problema.”. Em O
ÚLTIMO JOGO, as duas partidas mostradas têm um papel
fundamental e Studart define que realizá-las foi algo insano. “Decidi que iríamos filmar os jogos
com uma intensidade parecida com a do futebol americano, algumas marras do
basquete. Era uma maneira de trazermos algo diferente. Os moradores das cidadezinhas onde
filmamos eram fanáticos por futebol, jogavam torneios de várzea, então os
colocamos no filme. Foi realmente incrível, eles não tinham ideia de como se
fazia um filme. Se doaram inteiramente. Ao mesmo tempo, tínhamos muitos
minutos de jogo no roteiro. Rodar essas cenas sempre exige um número maior de
ângulos, diversas repetições e muito mais tempo de preparação. Para
completar, ainda aconteciam vários conflitos entre as torcidas”. A obra traz também alguns elementos de realismo
fantástico, um gênero típico da América Latina, fazendo parecer que os
personagens vivem num universo paralelo ou até que Fantasista, por exemplo,
tenha vindo de outro mundo com uma espécie de superpoderes para dominar a
bola. A experiência de Studart como documentarista também contribui na
construção dessa narrativa, desse mundo tão particular. “A maior arma que o documentário me
deu foi a habilidade de improvisar. E nós improvisamos o tempo inteiro em O ÚLTIMO JOGO. Tínhamos uma verba muito pequena
e pouquíssimo tempo e o filme não era sobre o drama de um casal em um
apartamento. Eram 35 locações, duas partidas de futebol e um elenco enorme.
Eu não dormia muito, não comia muito, mas o processo foi maravilhoso. Os
produtores, a equipe e o elenco deram a alma por esse filme”. Sinopse Dois vilarejos separadas por 9km e uma rivalidade
ferrenha. Do lado brasileiro, os habitantes de Belezura, uma pequena cidade
que vive de empregos na indústria moveleira, está prestes a encarar dois
eventos que mudarão suas vidas: o fechamento da fábrica e a última partida de
futebol contra os arquirrivais argentinos do povoado vizinho, o que para eles
torna-se a última partida de futebol antes do fim do mundo. E em um ponto
todos concordam – é preciso vencer, nem que para isso tenham que dar a
própria vida. Ficha Técnica Direção: Roberto Studart Roteiro: Roberto Studart e Ecila Pedroso Elenco: Pedro Lamin, Bruno Belarmino, Betty Barco,
Norberto Presta e Juliana Schalch Música: Julian Carando Montagem: Ximena Franco Lizarazo Fotografia: Michel Gomes Produtora: Truque Produtora País: Brasil Duração: 100 min. Ano: 2018 Classificação: 12 anos Distribuição: Pandora Filmes Biografia do Diretor Roberto Studart fez sua estreia como diretor com o
documentário “Pra Lá Do Mundo”, finalista da 36ª Mostra de cinema de São
Paulo, em 2012. Em 2016, seu segundo documentário “Mad Dogs” participou de
diversos festivais internacionais, entre eles o Sheffield Doc Fest
(Inglaterra) e o Santa Barbara International Film Festival (Califórnia).
Levou ainda o prêmio do público de melhor documentário no Maui Film Festival,
sendo, em seguida, comercializado em diversos países. O Último Jogo é o seu
primeiro longa de ficção. SOBRE A PANDORA FILMES A Pandora é uma distribuidora de filmes independentes
que há 30 anos busca ampliar os horizontes da distribuição de filmes no
Brasil revelando nomes outrora desconhecidos no país, como Krzysztof
Kieślowski, Theo Angelopoulos e Wong Kar-Wai, e relançando clássicos
memoráveis em cópias restauradas, de diretores como Federico Fellini, Ingmar
Bergman e Billy Wilder. Sempre acompanhando as novas tendências do cinema
mundial, os lançamentos recentes incluem “O Apartamento”, de Asghar Farhadi,
vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro; e os vencedores da Palma de
Ouro de Cannes: “The Square – A Arte da Discórdia”, de Ruben Östlund e
“Parasita”, de Bong Joon Ho. Paralelamente
aos filmes internacionais, a Pandora atua com o cinema brasileiro, lançando
obras de diretores renomados e também de novos talentos, como Ruy Guerra,
Edgard Navarro, Sérgio Bianchi, Beto Brant, Fernando Meirelles, Gustavo
Galvão, Armando Praça, Helena Ignez, Anna Muylaert, Petra Costa, Pedro
Serrano e Gabriela Amaral Almeida. |
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