Olhar de Cinema anuncia mostras Olhares Brasil e Mirada Paranaense

 


De 7 a 15 de outubro todo o Brasil terá a oportunidade de conhecer o Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba. Com a atual situação do país e do mundo, com o isolamento e salas de cinema ainda fechadas, a 9ª edição do evento acontecerá online possibilitando um novo alcance de público. Entre as mostras do festival estão a Olhares Brasil, uma seleção especial com filmes nacionais que vêm se destacando ao longo de festivais, e a Mirada Paranaense, com um recorte da recente produção do estado.

Os diretores do festival Antônio Junior e Eugenia Castello falaram sobre a expectativa para o novo formato e destacaram o lado positivo de alcançar um público que muitas vezes não pode estar presente no festival.

“Claro que não estar na sala de cinema gera uma relação completamente diferente, mas é possível participar do festival, e estamos tentando transpor para esse universo online diversas das atividades presenciais que a gente tinha”, explica Antônio. Segundo ele, “O festival mudou pouco, as mostras quase todas continuam intactas e com a sua quantidade de filmes. Vamos fazer alguns ajustes em uma ou outra, cortar algumas que não fazem sentido no online, mas as outras atividades paralelas: oficinas, seminários e Curitiba_Lab estão todas mantidas        .

“Entendemos que é uma edição excepcional e tanto nós como o público estaremos vivenciando um Olhar de Cinema como nunca vimos antes, mas com o mesmo cuidado com a seleção, filmes, público e convidados”, afirma Eugenia Castello. Para ela, “Se por um lado a gente pensa num aspecto negativo, de não poder ter algo tão característico do Olhar, que são os encontros presenciais, o público e as salas lotadas; por outro, agora a gente tem a oportunidade de ser conhecido pelo Brasil inteiro”.

Olhares Brasil

Entre os títulos estão longas e curtas-metragens que compõem um recorte da nova e mais ousada cinematografia brasileira. A diversidade de olhares e narrativas é o ponto de maior destaque da mostra que traz a co-produção Brasil/Portugal/Moçambique “Um Animal Amarelo”, nova fábula visual de Felipe Bragança, exibido no começo do ano no Festival de Roterdã. A seleção conta também com o vencedor do prêmio do júri na 23ª Mostra de Tiradentes “Canto dos Ossos”, de Jorge Polo e Petrus Bairros, e ainda da mostra mineira, o longa “Cabeça de Nêgo”, que cria uma narrativa que tem como base ideais do Panteras Negras.

Outro destaque é o documentário “Fakir”, assinado por Helena Ignez. O filme tem despertado as mais diversas sensações por onde passa. Foi exibido no 52º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, no XV Panorama Coisa de Cinema e forumdoc.bh, além de outros festivais brasileiros e internacionais.

O veterano Geraldo Sarno também tem filme na seleção. O diretor de “Viramundo” (1965) apresenta no Olhar de Cinema seu último filme, “Sertânia”, uma revisita modernizada ao sertão, ao cangaço e ao cinema novo.

A ancestralidade é o tema dos dois títulos que completam a mostra: “Cavalo”, de Rafhael Barbosa e Werner Salles Bagetti e “Yãmĩyhex: as mulheres-espírito”, da Associação Filmes de Quintal. Enquanto este se volta para o resgate da mitologia e tradição indígena, aquele traz a dança para falar das marcas do passado.

A seleção de curtas também está bem atenta às temáticas atuais. Negritude, lesbiandade e anscestralidade se fazem presentes nos curtas “Enraizadas”, de Juliana Nascimento e Gabriele Roza; “Minha História É Outra”, de Mariana Campos; “Mãtãnãg, a Encantada”, de Shawari Maxacali e Charles Bicalho, “A Morte Branca do Feiticeiro Negro”, de Rodrigo Ribeiro, e “O verbo se fez carne”, de Ziel Karapotó.

Distopias também não ficaram de fora. Conversando com os dias atuais, está o curta de Matheus Farias e Enock Carvalho “Inabitável”. Já o exibido no 17º IndieLisboa “Os Últimos Românticos do Mundo”, de Henrique Arruda, faz uma ponte entre o futuro pré-apocalíptico e o desconhecido.

Mirada Paranaense

Nesta 9ª edição do evento, onze títulos integrarão a mostra local. Entre eles está o longa-metragem documental “A Alma do Gesto”, de Eduardo Baggio e Juslaine Abreu-Nogueira, que explora a criação artística e a construção imagética de outra arte que não o cinema. A arte também é o tema de “Exumação da Arte”, curta-metragem de Maurício Ramos Marques.

Outros 9 curtas integram a seleção, que destaca o racismo e a negritude como um de seus temas. Exibido na 23ª Mostra de Tiradentes, “E no rumo do meu sangue”, de Gabriel Borges, reorganiza imagens para construir uma nova narrativa. O documentário “Meia Lua Falciforme”, de Dê Kelm e Débora Evellyn Olimpio, fala sobre a Doença Falciforme, que afeta principalmente a população afrodescendente. 

A mostra traz também a história de Enedina Alves Marques, a primeira mulher negra a se formar engenheira no Brasil, no curta “Além de Tudo, Ela”, de Pedro Vigeta Lopes, Pâmela Regina Kath, Mickaelle Lima Souza, Lívia Zanuni. Em linguagem experimental, “Cor de Pele”, de Larissa Barbosa, questiona as opressões sofridas pelas mulheres negras.

Outro retrato do preconceito da sociedade está no curta de documentário “Seremos Ouvidas”, de Larissa Nepomuceno, que investiga o movimento feminista surdo. As mulheres, em diferentes fases da vida, também são o foco dos curtas “Aonde Vão os Pés”, de Débora Zanatta, e “A Mulher Que Sou”, de Nathália Tereza. Este, premiado no último festival de Gramado, com o Kikito de melhor atriz para Cassia Damasceno.

Completam a seleção a única animação da mostra, “Napo”, curta afetivo de Gustavo Ribeiro sobre memória, e “Cancha - Domingo é dia de jogo”, de Welyton Crestani, sobre o poder do futebol de várzea em Vila Verde.

Sobre o Olhar de Cinema

O Olhar de Cinema é um festival que busca destacar e celebrar o cinema independente realizado em todo mudo. São propostas estéticas inventivas, envolventes e com comprometimento temático, que abrange desde a abordagem de inquietações contemporâneas acerca do micro universo cotidiano de relacionamentos, até interpretações e posicionamentos sobre política e economia mundial.

A seleção apresenta ao público filmes que se arriscam em novas formas de linguagem cinematográfica, que estão abertos ao experimentalismo e que, ainda assim, possuem um grande potencial de comunicação com o público.

O 9º Olhar de Cinema - Festival Internacional de Cinema conta com apoio da Copel, Governo do Estado do Paraná, Ademilar, Lojacorr, incentivo da Lei de incentivo à cultura, Fundação Cultural de Curitiba, Prefeitura de Curitiba e PROFICE.

Confira a lista completa de selecionados para as duas mostras:

 

OLHARES BRASIL

LONGAS-METRAGENS

Um Animal Amarelo (Brasil/Portugal/Moçambique, 2020, 115 min.), de Felipe Bragança

Cabeça de Nêgo (Brasil, 2020, 86 min.), de Déo Cardoso

Canto dos Ossos (Brasil, 2020, 89 min.), de Jorge Polo e Petrus de Bairros

Cavalo (Brasil, 2020, 85 min.), de Rafhael Barbosa e Werner Salles Bagetti

Fakir (Brasil, 2019, 92 min.), de Helena Ignez

Sertânia (Brasil, 2019, 97 min.), de Geraldo Sarno

Yãmĩyhex: as mulheres-espírito (Brasil, 2020, 76 min.), da Associação Filmes de Quintal

CURTAS-METRAGENS

Enraizadas (Brasil, 2019, 14 min.), de Juliana Nascimento e Gabriele Roza

Inabitável (Brasil, 2020, 20 min.), de Matheus Farias e Enock Carvalho

Mãtãnãg, a Encantada (Brasil, 2019, 14 min.), de Shawari Maxacali e Charles Bicalho

Minha História É Outra (Brasil, 2019, 22 min.), de Mariana Campos

A Morte Branca do Feiticeiro Negro (Brasil, 2020, 10 min.), de Rodrigo Ribeiro

Os Últimos Românticos do Mundo (Brasil, 2020, 23 min.), de Henrique Arruda

O verbo se fez carne (Brasil, 2019, 6 min.), de Ziel Karapotó

 

MIRADA PARANAENSE

LONGA-METRAGEM

A Alma do Gesto (Brasil, 2020, 66 min.), de Eduardo Baggio e Juslaine Abreu-Nogueira

CURTAS-METRAGENS

Além de Tudo, Ela (Brasil, 2019, 10 min.), de Pedro Vigeta Lopes, Pâmela Regina Kath, Mickaelle Lima Souza, Lívia Zanuni

Aonde Vão os Pés (Brasil, 2020, 14 min.), de Débora Zanatta

Cancha - Domingo é dia de jogo (Brasil, 2020, 18 min.), de Welyton Crestani

Cor de Pele (Brasil, 2019, 3 min.), de Larissa Barbosa

E no rumo do meu sangue (Brasil, 2019, 4 min.), de Gabriel Borges

Exumação da Arte (Brasil, 2020, 14 min.), de Maurício Ramos Marques

Meia Lua Falciforme (Brasil, 2019, 22 min.), de Dê Kelm e Débora Evellyn Olimpio

A Mulher que Sou (Brasil, 2019, 15 min.), de Nathália Tereza

Napo (Brasil, 2020, 17 min.), de Gustavo Ribeiro

Seremos Ouvidas (Brasil, 2020, 13 min.), de Larissa Nepomuceno

SERVIÇO
9º Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba


De 7 a 15 de outubro


No site do Olhar de Cinema


R$ 5 por filme

Dinâmica das sessões


Os filmes serão exibidos no próprio site do Olhar de Cinema. Cada título estará disponível até às 23h59 da data divulgada na programação. A venda de ingressos para todas as sessões começa no dia 23 de setembro e o número de ingressos para cada filme é limitado.

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